quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Campeões de Audiência: O GRITO / Nacional e Internacional (Som Livre, 1975 / 1976)

TRILHA SONORA NACIONAL:
Baixe esta trilha sonora em FLAC Lossless aqui.

FICHA TÉCNICA:
Ano: 1975 - Gravadora: Som Livre
Nº de Catálogo: 403.6078 (LP) / 740.6078 (K7) / 3021-2 (CD)
Coordenação Geral: João Araújo
Direção de Produção: Nelson Motta
Assistentes de produção: Márcio Augusto e João Mello
Estúdio: Somil
Técnicos de som: Luiz Paulo, Celio e Deraldo.
"Nossos agradecimentos às gravadoras Copacabana, Phonogram e RCA pela cessão de seus artistas: Elis Regina, Luiza Maria, Victor Assis Brasil, Cassiano e Ângela Maria".
RIPADO DO CD ORIGINAL.
Masterização: Júlio Carneiro
Projeto gráfico: Marciso "Pena" Carvalho
Designer assistente: André Rola
Ilustração da TV (não inclusa): Romero Cavalcanti
Texto (não incluso): Mauro Alencar
Restauração de capas: Sky Walker
Fonogramas cedidos: Universal Music (1, 2, 3, 5 e 8).

PLAYLIST:
  1. LÁ VOU EU / Rita Lee
  2. UM POR TODOS / Elis Regina
  3. A LUA E EU / Cassiano
  4. TEMA EM 5/4 / Victor Assis Brasil
  5. NOITE VAZIA / Ângela Maria
  6. O GRITO / Victor Assis Brasil
  7. AMOR, AMOR / Marília Barbosa
  8. NÃO CORRA ATRÁS DO SOL / Luiza Maria
  9. BERCEUSE / Trio Radamés Gnattali
  10. SABOREAREI / Luli e Lucinha
  11. VICE-VERSA / Victor Assis Brasil
TRILHA SONORA INTERNACIONAL:
Baixe esta trilha remasterizada e em FLAC Lossless aqui.

FICHA TÉCNICA:
Ano: 1976 - Gravadora: Som Livre
Nº de catálogo: 404.7070 (LP) / 740.7070 (K7)
Seleção de repertório: Toninho Paladino
Sonoplastia da Novela: Paulo Ribeiro (Paul Nixon)
Coordenação geral: João Araújo
Arte-final: Fototipo / Nicolau
Restauração de Capas e remasterização da trilha por Sky Walker
Faixa 8 masterizada por Luiz Alberto Gomes e remasterizada por Sky Walker.
Pesquisa de atualização de créditos dos fonogramas: Sky Walker
Adaptação de capa para CD por Sky Walker.
Fonogramas cedidos: Som Livre (1), UMG (2, 3, 6 e 13), Ru-Jac Records (4), SME (5, 7, 11, 12 e 14), WEA (8 e 9) e Unidisc (10).

PLAYLIST:
  1. TRUE LOVE / Steve MacLean
  2. INSEPARABLE / Natalie Cole
  3. BREEZY / The Jackson 5
  4. FLY, ROBIN, FLY / Silver Convention
  5. ...E SIAMO QUI / Wess & Dori Ghezzi
  6. TIME IS OVER / Harris Chaltikis
  7. HEY, GIRL (TELL ME) / Bobby Wilson
  8. TENDERNESS / Twins
  9. SO IN LOVE WITH YOU / Leroy Hutson
  10. WILL WE MAKE IT TONIGHT / Carol Douglas
  11. ERA GIÀ TUTTO PREVISTO / Riccardo Cocciante
  12. PICTURE US / Bunny Sigler
  13. ISLAND GIRL / Elton John
  14. EVERY DAY I HAVE TO CRY SOME / Arthur Alexander

        Olá, Padawans! Tudo bem? Esse frio anda muito brabo!
        Hoje eu formalizei nas guias de busca do blog o artigo "Campeões de Audiência" facilitando, assim, a busca pelos títulos da coleção de trilhas nacionais de novelas relançadas em CD pela Som Livre em 2001. Já havia lançado, informalmente, alguns deste títulos aqui e aproveitando a recente adição da novela "O Grito" no catálogo da Globoplay pelo projeto Fragmentos eu trouxe a sofisticada trilha nacional.
        Produzida por Nelson Motta para a novela de Jorge Andrade, gostaria de traçar meu comentário baseado no pouco disponível da novela cruzando com o que eu ouvi na trilha sonora:
        Em primeiro lugar, considerei "O Grito" um novelão que eu assistiria sem perder um capítulo. A personagem principal não era uma pessoa mas, sim, a cidade de São Paulo como foi pintada na época: Fria, claustrofóbica, megalópole apática (fato este que eu atestei enquanto visitante da cidade até o início dos anos 2000). Apenas um adendo: Ano passado eu tive a oportunidade de revisitar a mesma e encontrei um ambiente completamente diferente: solar, mais acolhedor, mais diverso, mais colorido, levando menos a ideia de capital financeira do país e mais a ideia de uma potência cultural e gastronômica. Sendo uma megalópole os problemas também são grandes, mas - amém - a resistência aos idiotas também é.

A TRAMA:

       A trama toda se passa em volta de um prédio e seus moradores onde, como na vida, quanto mais na cobertura mais ricas as pessoas são. Não preciso nem dizer que quem mora no térreo e nos primeiros andares são os mais "pé rapados", né... O texto de Jorge Andrade me soou forte e ao mesmo tempo filosófico. A novela se passou às 22 horas na Rede Globo.
        Focados em seus problemas individuais, os moradores do Edifício Paraíso voltam sua atenção para Paulinho, filho da ex-freira Marta (Glória Menezes em uma caracterização impecável despida de vaidades como maquiagem e o cabelo loiro). Doente e com deficiência intelectual - classificação errônea da época que muitos entenderiam, hoje em dia, como um menino dentro do espectro autista - ele grita durante a noite atrapalhando o sono e a tranquilidade dos moradores durante as madrugadas. Isso faz com que os moradores se dividam em querer ou não expulsar mãe e filho do prédio.
        Com o sumiço do interceptador  (uma espécie de escuta telefônica de todas as linhas do prédio), o problema de Paulinho e, mais adiante, o sequestro da adolescente rica Estela (Lídia Brondi estreante em novelas) os moradores saem de suas individualidades passando a ter mais união e tolerância entre eles. Com a ajuda do ladrão do interceptador o investigador Sérgio (Ney Latorraca) consegue elucidar o sequestro. O último capítulo foi bem pesado culminando com a morte de Paulinho e o retorno de Marta, viúva e sem filho, ao convento - inclusive se vestindo, assim, para o velório e cremação do corpo do filho.

BASTIDORES:

        Jorge Andrade vinha de um sucesso com "Os Ossos do Barão" (1973-1974). Ele ganhou a fama de incompreendido no meio televisivo. A proposta não foi bem aceita pelo público apesar da novela contar com um elenco de peso. Foi um ponto de partida da abordagem de preconceito e discriminação contra autistas.
        A trama toda se passou em apenas uma semana, que foi esticada para seis meses.
        Parece que a novela influenciou moradores de um edifício em Ipanema - RJ a fazerem o mesmo contra um caso parecido, só que o menino era agressivo além de gritar. A novela gerou protestos no Congresso Nacional por um deputado acusar o autor de "distorção da imagem da cidade de São Paulo" e Jorge se defendeu dizendo que queria mostrar a cidade como ela era: "Dura, fechada, fria". Teve personagem gay incubado (Rubens de Falco), sobrevivente do incêndio do edifício Joelma (Yoná Magalhães) e por aí vai. Garanto que se fosse feita nos dias de hoje com o mesmo texto e direção seria aclamada. Pelo menos Jorge teve o reconhecimento em ser ousado.

(Fonte de pesquisa: Site Teledramaturgia e Memória Globo).

FALANDO DA TRILHA SONORA NACIONAL:

        A trilha sonora nos entregou o grande clássico "A Lua e Eu" (Cassiano), o grande tema da trama. Mas também nos deu a prévia de "Um Por Todos" (Elis Regina) - uma versão alternativa além da presente no álbum "Falso Brilhante" lançado em 1976, ano posterior à estreia da novela. 
        Outra que cedeu uma faixa inédita foi Rita Lee e sua "Lá Vou Eu". No mesmo ano Rita lançou um compacto duplo com três faixas inéditas mais "Ovelha Negra" (do seu álbum "Fruto Proibido" no mesmo ano): a referida faixa, "Caçadores de Aventura" e "Status".
        O compositor e maestro Victor Assis Brasil traduziu São Paulo em suas trilhas instrumentais: A abertura, jazzística, pulsante e dinâmica com metais vibrantes permeando por toda a música e acabando no caos; "Tema em 5/4" dando, ao mesmo tempo, uma sensação de tontura e claustrofobia no crescendo como se a mesma subisse os andares do edifício Paraíso. Na segunda sessão indicando o cansaço e a moleza da noite com o trombone solo soando molenga com o naipe de sopros e metais, voltando à reprise da primeira sessão - a vida continua e trabalhando sem parar feito máquina - com a mesma sensação de tudo girar ao ver que a altura do prédio está cada vez mais alta; "Berceuse", interpretada pelo Trio Radamés Gnatalli, uma bela canção de ninar com os vocais de Marília Barbosa (não creditada no disco); e "Vice-Versa", outra demonstração da verve pulsante da cidade em compasso 6/8 (que dá a sensação de um valseado bem rápido).
        "Noite Vazia" (Ângela Maria) denota bem a solidão de Marta (Glória Menezes). "Não Corra Atrás do Sol" (Luiza Maria) foi tema dos adolescentes Ester (Lídia Brondi) e Guilherme (Guto Franco) e " A Lua e Eu" foi tema romântico de Sérgio (Ney Latorraca) e Pilar (Elizabeth Savalla).

JÁ SOBRE A TRILHA INTERNACIONAL...:

        A partir deste ano a Som Livre passou a discriminar os créditos das gravadoras titulares dos temas internacionais na capa (a primeira trilha nacional a ter isso foi o compacto de "Senhora"). Toninho Paladino mandou bem na seleção de repertório. O grande tema da novela foi "True Love" (do brazuca Steve MacLean) mas a novela marcou também por "Fly, Robin, Fly" (Silver Convention). Amo as baladas "So Much In Love" (Leroy Hutson), "Inseparable" (Natalie Cole) e "Picture Us" (Bunny Sigler). "Breezy" (Jackson 5), apesar de bonita, não foi realmente um hit mas acabou sendo uma das queridas das pessoas. E foi pesquisando sobre o repertório é que eu descobri que temos um cantor egípcio (Harris Chaltikis), um duo italiano (Twins), que a música do Leroy está defasada por 2 anos e muito mais. A trilha é gostosa de se ouvir e não pulo nenhuma faixa.

        Bem, galera, isso é o que temos para o momento. Espero que gostem. FUI!

Um comentário:

CARLOS HELENO disse...

QUE MARAVILHA DE POSTAGEM AMIGO!!!! O RESGATE DESSAS TRILHAS SONORAS DAS NOVELAS DOS ANOS 70 SÃO SENSACIONAIS! EU CONSIDERO A DÉCADA DE OURO DAS TRILHAS (NOVELAS), QUANDO SURGIRAM MUITOS NOMES DA MPB!! SEU TRABALHO SOBRE O ÁUDIO/GRÁFICO ESTÃO PRIMOROSOS!!! NOTA MILLLLLLLLLLL AMIGO - PARABÉNS!!!!