Olá a todos.
Para quem não sabe, sou colecionador de trilhas de novelas e minisséries da
Globo em LP e CD. A luta é dura, mas aos poucos chego lá. Porém, meu foco hoje
é analisar uma coleção lançada em 2001: A série CAMPEÕES DE AUDIÊNCIA, que
abrange 20 trilhas sonoras originais de 1971 a 1988.
A
série, de uma forma geral, é duramente criticada, por conta dos seguintes
fatores: A primeira, e a principal delas, é que em 7 dos 20 CDs vêm faltando um
tema – o que é uma heresia para o colecionador; a masterização, cujas fontes em
alguns lançamentos, além de ter um som inferior ao da gravadora do fonograma,
tem umas edições bruscas em seu final; e os créditos que diferem – para pior –
do álbum original.
Mas,
calma, minha gente, nem tudo nestes discos está perdido: Tem remasterizações
bem-cuidadas no meio de toda a badalhoca: O cuidado ficou bem maior para as
trilhas compostas especialmente para a trama – caso de “O Cafona”, “Selva de
Pedra” e “O Bem-Amado”. Vamos ver isso disco a disco?
1.
O
CAFONA (1971)
Todo colecionador
sabe que de “O Cafona” até “Bandeira 2 - nacional” os Lp’s saíam em duas versões:
mono e estéreo. O master usado no CD foi o estéreo. O disco teve o som muito
bem tratado, mas erraram feio nos créditos externos: “Bia Bia Beatriz” virou “Bia
Beatriz”; e “Manequim” foi atribuída erradamente a Marília Pera - na verdade
quem canta é Marília Barbosa.
2.
BANDEIRA
2 (1971)
Apesar do bom
som no CD, os finais bruscos incomodam um pouco. Também temos problemas de
crédito em “Martim Cererê”: Foi grafado com N no final (MARTIN) e o nome
correto do intérprete é: Zé Catimba e Brasil Ritmo 67 (esqueceram-se do número 67).
E fora que o “Tema de Tucão” é plágio descarado de “Shaft”.
3.
SELVA
DE PEDRA (1972)
Nada a
reclamar deste. A trilha foi bem masterizada. Destaque para o tema de abertura
e “Capitão de Indústria”, com Djalma Dias.
4.
O
BEM-AMADO (1973)
Toquinho e
Vinícius compuseram as músicas especificamente para a trilha, mas, ao ouvir o
CD me pintou uma dúvida cabulosa: Em qual masterização devo acreditar para “Meu
Pai Oxalá”: A que saiu na série ‘Pérolas’, um ano antes, ou a deste CD? Enfim,
ficou no ar... Ah, sim: A rotação do LP, fabricado pela EMI, era mais lenta – uma
praxe nos discos da fabricante.
5.
CARINHOSO
(1973)
Apesar de eu
particularmente não curtir muito o que acontece entre as faixas 1 e 7, tem duas
canções que me chamam muito a atenção: “Priscila” (Fernando Leporace) e “Posso
Ver O Mundo Pela Janela” (Trama). E, claro, achei sofisticadíssimo o pedaço em
que Márcio Montarroyos atua (no vinil, o lado B), em especial “Da Cor do Pecado”,
com aquele improviso final do jazz.
É uma trilha
híbrida: Ao mesmo tempo que perdeu a alcunha de “Trilha Sonora Original” no
lado A, contando com seleções de outras gravadoras, ela lembra esse conceito no
lado B, mesmo com um repertório não encomendado a um único autor ou dupla de
autores. Porém possui somente um único intérprete.
6.
ESCALADA
(1975)
Eu não sei que
nível de sucesso essa novela alcançou na época. Meus avós, caso fossem vivos,
adorariam a trilha sonora, pois a maioria dos intérpretes era do tempo deles.
Mesmo assim, se eu ouvi essa trilha mais de dez vezes, foi muito.
Acredito que
esse disco deu trabalho, haja vista que os fonogramas de onde vieram não
possuem boa qualidade. O som do LP é horrível, de qualquer maneira. E olha que
nessa época a RCA já estava fabricando os discos.
7.
GABRIELA
(1975)
Novela de
Walter George Durst com direção de Walter Avancini, feita em comemoração aos 10
anos da Rede Globo. Um campeão de audiência e de vendas, também. Até hoje
consegue se achar o LP em bom estado ou novo. O disco tem problemas de
prensagem em “Coração Ateu” (Maria Bethânia) e, dependendo do toca-discos, vai
sem problemas ou pula exatamente no terceiro verso da primeira estrofe. Apesar
da arte do centro da capa dupla ter virado a contracapa do CD, o som do CD vale
a pena ser conferido.
8.
O
GRITO (1975)
O governo de
São Paulo subiu nas tamancas com esta novela: Temendo uma imagem negativa, entrou
na justiça e tudo contra a Rede Globo, por mostrar os problemas da cidade.
A
trilha vale por conter “Lá Vou Eu” (Rita Lee e Tutti-Frutti), inédita em um
álbum de carreira da cantora. A abertura realmente remete a São Paulo, como uma
cidade iluminada, cosmopolita e com suas noites chiques.
9.
PECADO
CAPITAL (1975)
Aqui começa o
inferno astral da coleção e do colecionador: As capas começam a informar que “Este
disco é copia do original sem a música X”. No caso deste aqui, especificamente,
faltou “El Día Que Me Quieras” (Palo Hernandez y Sus Vocalistas), justamente o
tema de amor de Salviano Lisboa e Lucinha. Não se sabe se a ausência ocorreu
por não conseguirem localizar a atual gravadora do fonograma ou por não
liberarem os direitos para colocar a música novamente no formato CD.
Outra
reclamação é em relação à edição do final de “Melô da Cuíca”: Secaram tanto o
final que ficou mega esquisito perante o LP.
Por
fim, a contracapa do CD não foi respeitada em relação ao LP: É o logo da novela
em cima do verso da nota de cem cruzeiros.
10.
SARAMANDAIA
(1976)
Além da
adaptação da capa para o CD estar um pouco estranho – o logo está mais escuro,
com sombreamento estranho, enfim, compare os dois formatos... – quem sofreu com
a capada de faixa foi “Pra Não Morrer de Tristeza” (Ney Matogrosso).
Duas
curiosidades identificadas: “Pavão Mysteriozo” (Ednardo) está editado, e “Chão,
Pó, Poeira” (Gonzaguinha assinando como Luiz Gonzaga Jr.) é uma versão
exclusiva deste álbum, diferente da lançada em seu álbum de carreira.
11.
O
CASARÃO (1976)
12.
ESTÚPIDO
CUPIDO (1976)
13.
DANCIN’
DAYS (1978)
A primeira boa
surpresa da coleção: “Amanhã”, do Guilherme Arantes, vem com todos os seus 7’29”
no CD – no LP ela vem editada em bem menos. O som sugere que os fonogramas
foram utilizados de outras fontes diferentes do acetato-master da trilha. “Dancin’
Days” foi tirado da vagareza e “Solitude” teve sua rotação no início da música
limada, felizmente!
14.
PAI
HERÓI (1979)
Esta trilha
também entra na lista de trilhas um tanto bizarras, mas que servem à trama como
luva. A rotação das faixas “Pode Esperar” (Alcione) e “Chave do Mundo” é
duvidosa, tanto para mais quanto para menos.
A campeã de
estranheza ficou para “14 Anos” (Guilherme Arantes), que o seu início começa
como se a pessoa que fazia a montagem do acetato-master ligasse o gravador de
rolo exatamente em cima do início da música, e não 1 segundo antes.
Ah, sim: A
capa, no LP, é um azul mais escuro.
15.
ÁGUA
VIVA (1980)
Dizem as más
línguas que Milton Nascimento não liberou “Cais” e mais outras nas versões em
CD das trilhas. Na minha opinião acho que procede pois o cantor caiu no
ostracismo por um tempo na Som Livre, rolando uma redenção após o lançamento do
CD “Perfil”.
“Noites
Cariocas” está com a rotação devagar, quase parando. Já “Menino do Rio” teve o
seu final antecipado com fade out e
ficou com o final esquisito.
16.
CORAÇÃO
ALADO (1981)
Na minha humilde
opinião, uma das mais belas trilhas nacionais de todos os tempos. Me marcou
muito na infância, pois minha tia possuía o LP. E é justamente neste álbum é
que a versão em CD contém a segunda boa surpresa: “Pássara” (e não PASSARÁ) (Francis Hime –
participação especial de Chico Buarque) está completinha. No LP esta música
ficou sem final.
“Moda de Sangue” também não
possui o final estragado do álbum “Saudade do Brasil”: A rotação termina
exatamente como no início, no lugar. A faixa foi re-editada de forma que o
início e fim não ficassem estranhos – ela, no álbum de Elis, vinha colada com
outra música, “O Primeiro Jornal”.
Mesmo com um
som bom, duas ressalvas em relação aos créditos: Não creditaram “Passará”
também ao Chico Buarque; e a ordem das músicas está trocada: “Noturno”, que era
a faixa 14 no LP, virou faixa 7; e “Lavadeiras” (Denise Emmer), antes faixa 7,
virou faixa 11, empurrando todas as subsequentes – “Quero Colo”, “Sem Companhia”
e “Viajante” – até a faixa 14. Culpa do Ieddo Gouveia.
17.
BAILA
COMIGO (1981)
Ao ouvir o CD
nota-se que foi tirado do acetato feito para a fita cassete. Aliás, a limpeza
de ruído foi meio porca, notadamente falha em “Lua e Estrela” (Caetano Veloso)
e “Viajante” (Ney Matogrosso). “Deixa Chover” (Guilherme Arantes) também está
com o som um pouco destruído pelos filtros.
E a dança das
cadeiras das faixas continua: “Corações A Mil” (Marina) era a faixa 4 e “Loucura”
(Cauby Peixoto) era a faixa 8. As duas trocaram de posição no CD, mas isso foi
culpa do Ieddo Gouveia – o que montava as trilhas no acetato antes de ir para o
LP ou cassete na época. Isso era prática comum para equiparar a minutagem dos
dois lados da fita cassete.
P.S.:
Cadê a contracapa com Betty Faria? Cadê a foto do pôster do Tony Ramos? Por que
Naila Skorpio achou que cantasse? (risos)
18.
ROQUE
SANTEIRO – O MELHOR DE ROQUE SANTEIRO (1985 / 1991)
Além de assim
justificarem a falta da música “A Outra” (Simone) – ela briga com a Sony Music
até hoje, e, por problemas judiciais, seus fonogramas dessa era não são
liberados.
De fato esta é a segunda edição
em CD – a primeira foi em 1991, com as faixas-bônus “Vitoriosa” (Ivan Lins) e “Verdades
e Mentiras” (Sá & Guarabyra). Esta edição também possui as tais bônus.
A capa foi
modificada em uma montagem em que aparece a capa dos dois volumes das trilhas e
a contracapa é a foto da contracapa do segundo volume.
A masterização deste álbum é
extremamente comprometida em algumas faixas. “Vitoriosa”, além de estar editada
no miolo e no final, parece que pegaram um LP, estavam gravando de lá, de
repente a energia elétrica acabou e, para não perder a gravação, rodaram o
disco com a força do dedo até a música acabar.
Cadê o início
de “Isso Aqui Tá Bom Demais”? E o final brusco de “Sem Pecado e Sem Juízo” e “Verdades
e Mentiras”, por qual motivo ele existe?
Curiosidades: Tem
uma estrofe de “Roque Santeiro” que só toca na novela, não no LP/CD. E “A Outra”,
presente no LP/CD – primeira tiragem, é uma versão exclusiva para a novela.
Na versão portuguesa
da trilha além de não conter “A Outra” também não tem “Cópias Mal Feitas”
(Alceu Valente).
19.
MANDALA
(1987)
Nunca vi uma
tesoura de edição funcionar tanto em uma trilha nacional como em “Mandala”: 14
das 16 faixas foram editadas de um jeito absurdo, muitas vezes funcionando como
as versões que tocavam no rádio, na época. Sim, a CBS era muito má...
Na versão em
CD Milton mais uma vez trolla o colecionador deixando de fora a música “Meu
Mestre Coração”. E Zeca Pagodinho regrava “Tempo de Dondon” para a novela,
diferindo da versão do álbum “Patota de Cosme”, do mesmo ano.
20.
VALE
TUDO (1988)
“Brasil” (Gal
Costa) e “Isto Aqui O Que É” (Caetano Veloso) foram gravados especialmente para
a trama de Gilberto Braga. “Tá Combinado” (Maria Bethânia) e “Sem Destino” (Léo
Gandelman) tiveram seus finais encurtados. O CD foi editado nos moldes do LP original
da trilha.
Tem
alguma coisa que eu deixei de fora dessa análise? Manda para mim nos
comentários! Abraços!


9 comentários:
Eu também tenho o LP, e está cortada.
Cade a Analise de O Astro que tb fez parte dessa coleção?
"O Astro" era da coleção Som Livre Masters Trilhas, de 2006, não desta.
Então fica a dica pra vc falar do Projeto Master trilas nas próximas resenhas.
Valeu, Tato, eu já estou providenciando o artigo! Abraços!
E parte da música Pense E Dance do Barão Vermelho foi editada para o Lp Vale Tudo Nacional 1988
Eu sei e informei isso quando eu postei a edição de 25 anos aqui no blog. abs! :-)
“El Día Que Me Quieras” (Palo Hernandez y Sus Vocalistas) ficou de fora de Pecado Capital por algum mistério inconcebível, pois, pelo que li em uma esntrevista certa vez, o tal Pablo Hernandez, na verdade, era o Guto Graça Melo sob pseudônimo!
O arranjo da música e o coro não deixam mentir: é Conjunto e Coral Som Livre com certeza!
A questão é se a música estava em outra gravadora, tal e qual aparece nos agradecimentos. Mas acho que nesse caso foi uma mentirinha para fazer achar que se tratava de artista estrangeiro, pois o Guto trabalhava mesmo na Som Livre.
Mistéééééério.
O fato é que a faixa faz falta no cd, pois é muito bela e era de grande importância na novela.
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