domingo, 17 de junho de 2012

ANÁLISE RETRÔ: Série CAMPEÕES DE AUDIÊNCIA (Som Livre, 2001)


                 Olá a todos. Para quem não sabe, sou colecionador de trilhas de novelas e minisséries da Globo em LP e CD. A luta é dura, mas aos poucos chego lá. Porém, meu foco hoje é analisar uma coleção lançada em 2001: A série CAMPEÕES DE AUDIÊNCIA, que abrange 20 trilhas sonoras originais de 1971 a 1988.
                A série, de uma forma geral, é duramente criticada, por conta dos seguintes fatores: A primeira, e a principal delas, é que em 7 dos 20 CDs vêm faltando um tema – o que é uma heresia para o colecionador; a masterização, cujas fontes em alguns lançamentos, além de ter um som inferior ao da gravadora do fonograma, tem umas edições bruscas em seu final; e os créditos que diferem – para pior – do álbum original.
                Mas, calma, minha gente, nem tudo nestes discos está perdido: Tem remasterizações bem-cuidadas no meio de toda a badalhoca: O cuidado ficou bem maior para as trilhas compostas especialmente para a trama – caso de “O Cafona”, “Selva de Pedra” e “O Bem-Amado”. Vamos ver isso disco a disco?

     1.       O CAFONA (1971)

Todo colecionador sabe que de “O Cafona” até “Bandeira 2 - nacional” os Lp’s saíam em duas versões: mono e estéreo. O master usado no CD foi o estéreo. O disco teve o som muito bem tratado, mas erraram feio nos créditos externos: “Bia Bia Beatriz” virou “Bia Beatriz”; e “Manequim” foi atribuída erradamente a Marília Pera - na verdade quem canta é Marília Barbosa.


2.       BANDEIRA 2 (1971)

Apesar do bom som no CD, os finais bruscos incomodam um pouco. Também temos problemas de crédito em “Martim Cererê”: Foi grafado com N no final (MARTIN) e o nome correto do intérprete é: Zé Catimba e Brasil Ritmo 67 (esqueceram-se do número 67). E fora que o “Tema de Tucão” é plágio descarado de “Shaft”.



    3.       SELVA DE PEDRA (1972)

Nada a reclamar deste. A trilha foi bem masterizada. Destaque para o tema de abertura e “Capitão de Indústria”, com Djalma Dias.






   4.       O BEM-AMADO (1973)

Toquinho e Vinícius compuseram as músicas especificamente para a trilha, mas, ao ouvir o CD me pintou uma dúvida cabulosa: Em qual masterização devo acreditar para “Meu Pai Oxalá”: A que saiu na série ‘Pérolas’, um ano antes, ou a deste CD? Enfim, ficou no ar... Ah, sim: A rotação do LP, fabricado pela EMI, era mais lenta – uma praxe nos discos da fabricante.


   5.       CARINHOSO (1973)

Apesar de eu particularmente não curtir muito o que acontece entre as faixas 1 e 7, tem duas canções que me chamam muito a atenção: “Priscila” (Fernando Leporace) e “Posso Ver O Mundo Pela Janela” (Trama). E, claro, achei sofisticadíssimo o pedaço em que Márcio Montarroyos atua (no vinil, o lado B), em especial “Da Cor do Pecado”, com aquele improviso final do jazz.
É uma trilha híbrida: Ao mesmo tempo que perdeu a alcunha de “Trilha Sonora Original” no lado A, contando com seleções de outras gravadoras, ela lembra esse conceito no lado B, mesmo com um repertório não encomendado a um único autor ou dupla de autores. Porém possui somente um único intérprete.

    6.       ESCALADA (1975)

Eu não sei que nível de sucesso essa novela alcançou na época. Meus avós, caso fossem vivos, adorariam a trilha sonora, pois a maioria dos intérpretes era do tempo deles. Mesmo assim, se eu ouvi essa trilha mais de dez vezes, foi muito.
Acredito que esse disco deu trabalho, haja vista que os fonogramas de onde vieram não possuem boa qualidade. O som do LP é horrível, de qualquer maneira. E olha que nessa época a RCA já estava fabricando os discos.

    7.       GABRIELA (1975)

Novela de Walter George Durst com direção de Walter Avancini, feita em comemoração aos 10 anos da Rede Globo. Um campeão de audiência e de vendas, também. Até hoje consegue se achar o LP em bom estado ou novo. O disco tem problemas de prensagem em “Coração Ateu” (Maria Bethânia) e, dependendo do toca-discos, vai sem problemas ou pula exatamente no terceiro verso da primeira estrofe. Apesar da arte do centro da capa dupla ter virado a contracapa do CD, o som do CD vale a pena ser conferido.

    8.       O GRITO (1975)

O governo de São Paulo subiu nas tamancas com esta novela: Temendo uma imagem negativa, entrou na justiça e tudo contra a Rede Globo, por mostrar os problemas da cidade.
                A trilha vale por conter “Lá Vou Eu” (Rita Lee e Tutti-Frutti), inédita em um álbum de carreira da cantora. A abertura realmente remete a São Paulo, como uma cidade iluminada, cosmopolita e com suas noites chiques.

    9.       PECADO CAPITAL (1975)

Aqui começa o inferno astral da coleção e do colecionador: As capas começam a informar que “Este disco é copia do original sem a música X”. No caso deste aqui, especificamente, faltou “El Día Que Me Quieras” (Palo Hernandez y Sus Vocalistas), justamente o tema de amor de Salviano Lisboa e Lucinha. Não se sabe se a ausência ocorreu por não conseguirem localizar a atual gravadora do fonograma ou por não liberarem os direitos para colocar a música novamente no formato CD.
                Outra reclamação é em relação à edição do final de “Melô da Cuíca”: Secaram tanto o final que ficou mega esquisito perante o LP.
                Por fim, a contracapa do CD não foi respeitada em relação ao LP: É o logo da novela em cima do verso da nota de cem cruzeiros.

    10.   SARAMANDAIA (1976)

Além da adaptação da capa para o CD estar um pouco estranho – o logo está mais escuro, com sombreamento estranho, enfim, compare os dois formatos... – quem sofreu com a capada de faixa foi “Pra Não Morrer de Tristeza” (Ney Matogrosso).
Duas curiosidades identificadas: “Pavão Mysteriozo” (Ednardo) está editado, e “Chão, Pó, Poeira” (Gonzaguinha assinando como Luiz Gonzaga Jr.) é uma versão exclusiva deste álbum, diferente da lançada em seu álbum de carreira.
    11.   O CASARÃO (1976)

A vítima da vez foi Nara Leão, sendo a música “Capricho” suprimida da versão em CD.

   




    12.   ESTÚPIDO CUPIDO (1976)

Demetriu’s, com seu “Ritmo da Chuva”, dançou feio da versão em CD.






    13.   DANCIN’ DAYS (1978)

A primeira boa surpresa da coleção: “Amanhã”, do Guilherme Arantes, vem com todos os seus 7’29” no CD – no LP ela vem editada em bem menos. O som sugere que os fonogramas foram utilizados de outras fontes diferentes do acetato-master da trilha. “Dancin’ Days” foi tirado da vagareza e “Solitude” teve sua rotação no início da música limada, felizmente!


    14.   PAI HERÓI (1979)

Esta trilha também entra na lista de trilhas um tanto bizarras, mas que servem à trama como luva. A rotação das faixas “Pode Esperar” (Alcione) e “Chave do Mundo” é duvidosa, tanto para mais quanto para menos.
A campeã de estranheza ficou para “14 Anos” (Guilherme Arantes), que o seu início começa como se a pessoa que fazia a montagem do acetato-master ligasse o gravador de rolo exatamente em cima do início da música, e não 1 segundo antes.
Ah, sim: A capa, no LP, é um azul mais escuro.

    15.   ÁGUA VIVA (1980)

Dizem as más línguas que Milton Nascimento não liberou “Cais” e mais outras nas versões em CD das trilhas. Na minha opinião acho que procede pois o cantor caiu no ostracismo por um tempo na Som Livre, rolando uma redenção após o lançamento do CD “Perfil”.
“Noites Cariocas” está com a rotação devagar, quase parando. Já “Menino do Rio” teve o seu final antecipado com fade out e ficou com o final esquisito.

    16.   CORAÇÃO ALADO (1981)

Na minha humilde opinião, uma das mais belas trilhas nacionais de todos os tempos. Me marcou muito na infância, pois minha tia possuía o LP. E é justamente neste álbum é que a versão em CD contém a segunda boa surpresa: “Pássara” (e não PASSARÁ) (Francis Hime – participação especial de Chico Buarque) está completinha. No LP esta música ficou sem final.
“Moda de Sangue” também não possui o final estragado do álbum “Saudade do Brasil”: A rotação termina exatamente como no início, no lugar. A faixa foi re-editada de forma que o início e fim não ficassem estranhos – ela, no álbum de Elis, vinha colada com outra música, “O Primeiro Jornal”.
Mesmo com um som bom, duas ressalvas em relação aos créditos: Não creditaram “Passará” também ao Chico Buarque; e a ordem das músicas está trocada: “Noturno”, que era a faixa 14 no LP, virou faixa 7; e “Lavadeiras” (Denise Emmer), antes faixa 7, virou faixa 11, empurrando todas as subsequentes – “Quero Colo”, “Sem Companhia” e “Viajante” – até a faixa 14. Culpa do Ieddo Gouveia.

    17.   BAILA COMIGO (1981)

Ao ouvir o CD nota-se que foi tirado do acetato feito para a fita cassete. Aliás, a limpeza de ruído foi meio porca, notadamente falha em “Lua e Estrela” (Caetano Veloso) e “Viajante” (Ney Matogrosso). “Deixa Chover” (Guilherme Arantes) também está com o som um pouco destruído pelos filtros.
                E a dança das cadeiras das faixas continua: “Corações A Mil” (Marina) era a faixa 4 e “Loucura” (Cauby Peixoto) era a faixa 8. As duas trocaram de posição no CD, mas isso foi culpa do Ieddo Gouveia – o que montava as trilhas no acetato antes de ir para o LP ou cassete na época. Isso era prática comum para equiparar a minutagem dos dois lados da fita cassete.
                P.S.: Cadê a contracapa com Betty Faria? Cadê a foto do pôster do Tony Ramos? Por que Naila Skorpio achou que cantasse? (risos)

     18.   ROQUE SANTEIRO – O MELHOR DE ROQUE SANTEIRO (1985 / 1991)

Além de assim justificarem a falta da música “A Outra” (Simone) – ela briga com a Sony Music até hoje, e, por problemas judiciais, seus fonogramas dessa era não são liberados.
De fato esta é a segunda edição em CD – a primeira foi em 1991, com as faixas-bônus “Vitoriosa” (Ivan Lins) e “Verdades e Mentiras” (Sá & Guarabyra). Esta edição também possui as tais bônus.
A capa foi modificada em uma montagem em que aparece a capa dos dois volumes das trilhas e a contracapa é a foto da contracapa do segundo volume.
A masterização deste álbum é extremamente comprometida em algumas faixas. “Vitoriosa”, além de estar editada no miolo e no final, parece que pegaram um LP, estavam gravando de lá, de repente a energia elétrica acabou e, para não perder a gravação, rodaram o disco com a força do dedo até a música acabar.
Cadê o início de “Isso Aqui Tá Bom Demais”? E o final brusco de “Sem Pecado e Sem Juízo” e “Verdades e Mentiras”, por qual motivo ele existe?
Curiosidades: Tem uma estrofe de “Roque Santeiro” que só toca na novela, não no LP/CD. E “A Outra”, presente no LP/CD – primeira tiragem, é uma versão exclusiva para a novela.
Na versão portuguesa da trilha além de não conter “A Outra” também não tem “Cópias Mal Feitas” (Alceu Valente).

   19.   MANDALA (1987)

Nunca vi uma tesoura de edição funcionar tanto em uma trilha nacional como em “Mandala”: 14 das 16 faixas foram editadas de um jeito absurdo, muitas vezes funcionando como as versões que tocavam no rádio, na época. Sim, a CBS era muito má...
Na versão em CD Milton mais uma vez trolla o colecionador deixando de fora a música “Meu Mestre Coração”. E Zeca Pagodinho regrava “Tempo de Dondon” para a novela, diferindo da versão do álbum “Patota de Cosme”, do mesmo ano.

   20.   VALE TUDO (1988)

“Brasil” (Gal Costa) e “Isto Aqui O Que É” (Caetano Veloso) foram gravados especialmente para a trama de Gilberto Braga. “Tá Combinado” (Maria Bethânia) e “Sem Destino” (Léo Gandelman) tiveram seus finais encurtados. O CD foi editado nos moldes do LP original da trilha.

                Tem alguma coisa que eu deixei de fora dessa análise? Manda para mim nos comentários! Abraços!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A Arte de NINA SIMONE (Fontana, 1975)

Se você vier aqui, achará o álbum para baixar.
CLIQUEM NA CAPA PARA VER A PLAYLIST!
Ficha técnica (1975):
Gravadora: Fontana / CBD Phonogram
Ano: 1975
Nº de cat.: 9299 780 / 9299 781
Produção: Companhia Brasileira de Discos Phonogram
Capa: Lobianco
Arte-Final: José Paulo / Jorge Vianna

Ficha técnica (2012):
Remasterização: Skywalker
Restauração de capa: Skywalker
Adaptação de capa e encarte para CD: Skywalker
Digitação e revisão de textos: Skywalker
Bitrate: 320kbps
Duração: aprox.: 77 minutos
Agradecimentos especiais: Juno (por ceder ad aeternum o seu LP).

           Olá, crianças da Skywalker! Hoje é dia de ficarmos todos em clima lounge. Nos sentirmos chiques e ter aquela reunião bacana com os amigos à meia-luz da luminária, no friozinho deste inverno, ao som de Nina Simone, a grande diva do jazz, ou, como é chamada, a Grã-Sacerdotisa do Soul.
           Em 1975 a antiga Phonogram (atual Universal Music) lançou este coletânea que expõe um pouco da carreira desta mulher que, além de ser um prodígio musical - desde muito criança já movimentou sua cidade que, por ser prodigiosa e pobre, criaram um Fundo em seu nome para que ela pudesse prosseguir nos estudos e na carreira - também foi uma mulher que usou sua arte pela igualdade dos direitos civis, nos deixando aos 70 anos em 2003. Se querem saber por que sua voz é incomum e envolvente com todos os públicos, mesmo os do rock? É só baixar o disco e conferir. Fui!