sexta-feira, 17 de março de 2017

ANÁLISE RETRÔ: Trilhas Sonoras de Séries e Minisséries da Rede Globo

           Olá, pessoal! Um artigo que não dá as caras aqui já faz tempo é o de ANÁLISE RETRÔ. Desta vez eu resolvi escrever sobre as trilhas de séries e minisséries que fizeram os ouvidos de muitos trilheiros ao longo destas 5 décadas de Rede Globo. Lembrando que, neste artigo, eu não incluí "Malhação" pois terá um artigo à parte somente para ela. Vamos à nossa viagem musical? Ah, sim: A nossa classificação para as trilhas, de ruim pra cacete até a que você precisa escutar: É UMA CILADA, BINO! (ruim), MINA!!!!!! (regular), JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO! (bom), BOKA LOKA (ótimo), SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR (imperdível).   

LINGUINHA (1971) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!
           Arnaud Rodrigues e Chico Anysio foram os responsáveis pelas composições da trilha sonora de "Linguinha", novela infantil da Rede Globo exibida no horário das 20:00 horas, logo após o Jornal Nacional. Novela protagonizada por Chico Anysio, Linguinha era um super-herói que tinha como seu antagonista o vilão Mr. Yes (interpretado por Luís Delfino) e sua gangue, os Marajoaras. Linguinha era um herói que dava bons exemplos à criançada: Não brigava, não matava e não usava armas.
           Para uma novela infantil, a trilha é enfadonha em alguns momentos, como o tema de Silvia (interpretada por Luís Roberto) e "Só Pode Ser" (Rosana Toledo). Em compensação você pode se divertir com "Frâncula" (Augusto Cezar) e ainda com o tema de abertura, "Prefixo" (Orquestra e Coro Som Livre). Arranjos elaborados por Waltel Blanco que, na minha opinião, soaram um tanto quanto desleixados se comparados aos arranjos feitos para as novelas da Globo no tempo da gravadora Philips.

 SÍTIO DO PICAPAU AMARELO (1977) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR

           As trilhas do Sítio do Picapau (assim mesmo, junto, mas a grafia correta é "Pica-Pau") Amarelo foram um enorme sucesso de vendas em 1977 e deixou grandes clássicos, como a música-tema do seriado infantil: "Sítio do Pica-Pau Amarelo" (Gilberto Gil), "Narizinho" (Lucinha Lins), "Pedrinho" (Aquarius), dentre outros. Com produção de Guto Graça Mello, contou com arranjos belíssimos de Dory Caymmi em ambos os discos.
           Já os maiores hits do volume 2 foram "A Cuca Te Pega" (Dori Caymmi e Geraldo Casé) e "Os Piratas do Capitão Gancho" (Dori Caymmi e Wilson Rocha). Aliás, o volume 2 é composto de duas grandes faixas em seus dois lados, com um pedaço de uma história narrada pelos próprios atores do Sítio entremeando as músicas.
           Em 2005 o primeiro volume saiu pela série Som Livre Masters sendo que a canção de Gilberto Gil abria o CD, diferentemente do LP, que encerra o lado A. A arte da contracapa foi alterada no CD de modo que a playlist batesse com a playlist executada. Era de praxe os temas de abertura dos programas da Rede Globo encerrarem o Lado A nos anos 1970.

MALU MULHER (1979) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR
          "Malu Mulher" foi uma série dirigida por Daniel Filho cuja protagonista, Malu (Regina Duarte), discutia assuntos pertinentes ao universo feminino e foi um programa importante para a liberação feminina e os direitos da mulher no Brasil.
           A trilha é fantástica e sua forma de divulgação marcou a televisão e até hoje não houve um programa impactante e nem similar: Guto Graça Mello teve a ideia de fazer uma trilha sonora somente com grandes intérpretes da música popular brasileira que, por um acaso, apesar de já ter se passado 38 anos, ainda são as mesmas: Elis Regina, Simone, Gal Costa, Maria Bethânia, Rita Lee, Fafá de Belém, Marina Lima, Zezé Motta, Joanna, Maysa e Quarteto em Cy. Quanto à ideia de divulgação da trilha, Guto e Daniel ainda elaboraram o especial de uma geração: MULHER 80. Devo ressaltar que, apesar de não cantarem no especial, Angela Ro Ro esteve presente ao tocar piano para Marina em "Não Há Cabeça" (composta pela Ro Ro) e Narjara Turetta cantou "Feminina", de Joyce Moreno, junto com Quarteto em Cy. O disco vendeu como água.
           Em 2006 foi relançado em CD dentro da série Som Livre Masters Trilhas. A série teve alguns de seus episódios relançados em DVD em 2006 e o especial Mulher 80 ganhou uma edição em DVD pela Biscoito Fino em junção com a Som Livre e a Globo marcas em 2008, com entrevistas de Daniel Filho e Guto Graça Mello nos extras.
           Falando da trilha, Simone, em ascensão na carreira, gravou "Começar de Novo", que virou tema de abertura. A música era inédita e foi composta por Ivan Lins e Vitor Martins. Elis Regina contribuiu com "O Bêbado e A Equilibrista", de seu álbum "Essa Mulher". Rita Lee contribuiu com "Mania de Você", proveniente de seu álbum homônimo, o grande hit de 1979. Maria Bethânia regrava Djavan e mandou "Álibi", também de álbum de mesmo nome. Gal Costa regrava Milton Nascimento e manda "Paula e Bebeto" para a trilha. Maysa, morta há três anos antes, é relembrada com a canção "Dois Meninos" de seu álbum "Barquinho". E Zezé Motta, no alto se sua sensualidade, regrava "Pecado Original" de Caetano Veloso (nota: Na voz de Caetano a canção foi tema do filme "A Dama do Lotação"). Tem como não amar este disco?

CARGA PESADA (1979) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!
           "Carga Pesada" foi uma boa trilha e retratou exatamente o tipo de música que o caminhoneiro geralmente escuta, que é a música caipira de raiz. O grande destaque do disco ficou com o tema de abertura da série: "O Frete" (Renato Teixeira - lembrando que na exibição da série era uma versão instrumental). Talvez por ter sido considerada uma trilha de um repertório menor, saiu pelo selo Soma (que ninguém notou que é da Som Livre com aquele S azul infinito no meio do disco, dããããã...). Outro tema de grande sucesso foi "A Vida do Viajante" (Luiz Gonzaga e Gonzaguinha). Vale a pena dar uma conferida e ver o que é música sertaneja de verdade...

O BEM-AMADO: BANDINHA DE SUCUPIRA (1982) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!
           A série baseada na novela homônima de Dias Gomes estreou na TV em 1980. É um álbum temático: O disco foi todo feito em estilo de bandinha de coreto de cidade do interior pelo fictício maestro Zé Preá e sua tão fictícia quanto Lira Sucupirana. Lançado pela RCA em 1982, o disco - que possui um ótimo som, diga-se de passagem - possui sucessos da música popular em versões de banda marcial, como "Dancin' Days", "Elas por Elas (Coisas da Vida)", "Homem com H", "Festa do Interior" e, claro, não poderia faltar o tema de "O Bem-Amado". Disco curtinho, mas para quem curte bandas marciais é um prato cheio.

OBRIGADO DOUTOR (1981) - BOKA LOKA
           Esta trilha é basicamente composta de rock rural e foi selecionada por Guto Graça Mello. Me surpreendi ao não encontrar Sá & Guarabyra aqui. Porém, a trilha não decepciona.
           Tem "Arado (Terra)" (Céu da Boca), "Como Diria Dylan" (Zé Geraldo - o hit do disco), a clássica "Outubro" (Milton Nascimento - reprisada da trilha da novela "Os Gigantes" mas desta vez sem cortes) e a canção autoexplicativa da série "Ciência e Natureza" (Edson e Terezinha). Um disco muito agradável com uma capa muito interessante. Um dos poucos com fotos de atores na capa que eu gosto.

ANARQUISTAS, GRAÇAS A DEUS (1984) - É UMA CILADA, BINO!
           Deixa eu explicar o porquê da classificação: Musicalmente a trilha não é ruim. Porém, a qualidade dos fonogramas é qualquer coisa. Em 1984 ainda não existia programa de computador que limpasse bem os chiados das faixas e nem como eletronicamente acertar a rotação - aliás, não existe até hoje. Por mais impecável que o seu LP esteja - o meu caso - você acaba se irritando com a instabilidade da rotação e nota-se claramente a chiadeira do 78 rotações de onde o fonograma foi retirado. Para não dizer que não destaco nada, coloco "Coro Di Schiavi Ebrei", intitulado no disco da minissérie como "Nabucco: Va Pensiero...", o que não está errado. "Nabucco" é o nome da ópera de Giuseppe Verdi e "Va Pensiero" é como a música se inicia e como é conhecida pelos cantores de coros do mundo todo. Mas o nome dela é como eu coloquei, ou, em português: 'Coro dos Escravos Hebreus'. É considerada o segundo hino nacional da Itália.

A MÁFIA NO BRASIL (1984) - BOKA LOKA
             Após vários discos lançados pela CBS em 1984 o selo Opus migrou para a PolyGram. De Opus Columbia, agora era a Opus Elenco. Foi a única trilha sonora a sair por este selo.
           O disco é lindo, repleto de canções francesas. Os maiores destaques são para o clássico "Et Si Tu N'Existe Pas" (Joe Dassin), "She" (Charles Aznavour), "Ne Me Quitte Pas" (Jacques Brel) e "Aline" (Paul Mauriat). O tema de abertura ficou a cargo de Marcio Montarroyos e sua "Samba Caboclo (Samba Solstice)".

O TEMPO E O VENTO (1985) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!
           Trilha composta por Tom Jobim para a minissérie de Érico Veríssimo, ela traz o clássico "Passarim (O Tempo e o Vento)", tema de abertura. Outro destaque da trilha é a obra instrumental "Bangzalia", muito executada ao longo da minissérie.
           A trilha foi a primeira a vir com um encarte com letras e a ter o seu compositor estampado na contracapa, neste caso, Tom Jobim, ficando ao mesmo tempo como um álbum de sua carreira e trilha sonora. Em 2001 saiu a primeira vez em CD com a capa original e depois, com o lançamento da série em DVD, foi remasterizado e relançado com a capa e encartes condizentes com o novo projeto gráfico em 2005. Ainda é possível encontrar as duas versões em CD.

TENDA DOS MILAGRES (1985) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR
           Onde houver Jorge Amado, pode ter certeza de que a família Caymmi estará envolvida. Com produção de Guto Graça Mello, a trilha de "Tenda dos Milagres" é algo que não se pode ser ignorada. Com raízes africanas impregnadas na série, o disco não poderia ser diferente e colocou como hits as conhecidas "Milagres do Povo" (Caetano Veloso) como abertura e canção-assinatura da minissérie e "Amor de Matar" (Tânia Alves). MPB-4 regravou "É D'Oxum", Nana Caymmi veio com "Flor da Bahia", a ex-Frenética Dudu (Dhu) Moraes veio cantando feito Clara Nunes em "Eloiá" e Danilo Caymmi interpreta a mais gostosa de todas, na minha opinião: "Oiá". É um disco que não tem como ficar parado e mexe com todo o seu interior pra dançar.

ANOS DOURADOS (1986) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR
           "Anos Dourados" foi uma daquelas grandes sacadas do Gilberto Braga no que concerne à minissérie e à trilha sonora. Com Tom Jobim abrindo a minissérie com um tema homônimo e exclusivo, nenhuma personagem possuía um tema fixo, sendo que as músicas tocavam conforme o momento.
           Além do tema de abertura, outros destaques valeram a audição deste álbum: "When I Fall in Love" (Nat King Cole), "Franqueza" (Maysa), "I Apologize" (linda na voz de Billy Eckstine) e a instrumental "Patricia" (Perez Prado).
           Este álbum teve sua primeira tiragem em CD em 1988, quando o LP fora relançado por causa de uma reexibição na TV, pela Microservice. Depois em 1991 já pela VAT e assim aconteceu com as subsequentes. Entrou para a série especial da Som Livre intitulada Gala.

ARMAÇÃO ILIMITADA (1985) - BOKA LOKA
ARMAÇÃO ILIMITADA (1988) - BOKA LOKA



ARMAÇÃO ILIMITADA - JUBA E LULA: O DISCO (1988) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!
           "Armação Ilimitada" foi uma série que agradou muito a garotada e a juventude da década de 1980 por causa da linguagem inovadora em forma de vídeo clipe sob a direção de Guel Arraes e conta as aventuras de Juba (Kadu Moliterno), Lula (André di Biasi) e seu triângulo amoroso bem resolvido com a jornalista Zelda Scott (Andréa Beltrão). Ainda tem o mascote Bacana (Jonas Torres), Ronalda (Catarina Abdala) - amiga de Zelda - e o chefe de Zelda (Francisco Milani). Uma série megadoida tinha de ser um megasucesso e ter três discos que foram tão mega quanto.
           O disco de 1985 tem como destaques os sucessos "Nós Vamos Invadir Sua Praia" (Ultraje A Rigor) e o tema de encerramento "Rap Arrepiado" (Sandra de Sá, dublado na TV por Nara Gil). Já o disco de 1988 tem como destaques a abertura "Tema de Armação Ilimitada" (Ari Mendes), "Que País É Este" (Legião Urbana), "Infinita Highway" (Engenheiros do Hawaii) e "Gatinha Manhosa" (Léo Jaime). O disco 1 foi produzido por Nelson Motta e Alexandre Agra. Já o 2, somente pelo Agra.
           O que me incomoda no disco de 1985 são as músicas cortadas. Já o que me incomoda no disco de 1988 é o fato das faixas estarem fora de rotação, um tanto aceleradas - culpa da montagem do Ieddo Gouveia. Ah, sim, o disco de 1988 é uma faixa colada na outra.
         No rastro do sucesso do seriado, Kadu e André lançaram um álbum como a dupla Juba e Lula pela Philips/PolyGram ( atual Universal Music) e fizeram sucesso regravando um antigo sucesso dos Beach Boys, chupado de Chuck Berry: "Surf É o Que Eu Sei" (vinda de "Surfin' USA", a versão escandalosamente branca de "Sweet Little Sixteen", onde os caras roubavam a música na cara dura). Ainda cantaram outros sucessos dos Beach Boys e outras que faziam a cabeça dos surfistas nos anos 1960.

O PRIMO BASÍLIO (1988) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!
           Com arranjos e orquestrações de Roger Henri, "O Primo Basílio" é uma trilha toda feita em cima do cancioneiro português, com poemas de Eça de Queiroz musicadas para a trilha. A abertura é instrumental e também fecha o disco, com arranjos e regência de Roger Henri. 

O PAGADOR DE PROMESSAS (1988) - MINA!!!!!!
           Lançada em 1988 pela Globo Discos, a trilha de 'O Pagador de Promessas' foi toda composta por Egberto Gismonti. "Iluminada", a abertura, é uma versão diferente no LP da que tocava na minissérie. As outras músicas serviram apenas à trama. Nada aproveitável para rádios. O álbum foi relançado em CD no exterior pela gravadora do Egberto, a OMRAC, nos anos 2000.

DESEJO / BOCA DO LIXO (1990) - É UMA CILADA, BINO!
           Nada contra os artistas que produziram o disco, mas é uma trilha totalmente dispensável. Trilha instrumental, com um piano com strings meia-boca, particularmente eu teria considerado em lançar em CD. Mas que eu não sou e nem nunca fui executivo da Som Livre, nem tenho notícias se este disco vendeu alguma coisa. Vendeu, sim, pois eu tenho e alguns colecionadores também.

RIACHO DOCE (1990) - BOKA LOKA
           A trilha se destaca por apresentar a saudosa Selma Reis ao mundo com o sucesso "O Que É O Amor". Os temas de Ary Sperling também deram o tom do álbum, como a sua versão para "O Bem e o Mal", tema de Nô (Carlos Alberto Riccelli), "Pescadores" e ainda a linda iluminada "Iluminada" (Ithamara Koorax).

A E I O... URCA (1990) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!
           Para variar, Gilberto Braga selecionou o repertório deste disco. Acredito que o destaque fica por conta de "Night and Day" (Ella Fitzgerald, repetido exaustivamente em trilhas posteriores) e "Adeus Batucada" (Carmen Miranda). É um bom disco.

O SORRISO DO LAGARTO (1991) - BOKA LOKA

           Apesar de colocarem uma versão diferente de "Mercy Street" no disco - na TV era interpretada por Peter Gabriel e no álbum era pelo Ritchie - a trilha vale muito a pena. Djavan canta "Mal de Mim", João Bosco encanta com "Quando o Amor Acontece" - aliás, ele ainda retorna em "Sassao" -, Gerônimo traz "Dandá" e o lado B tem muita música instrumental, mais por conta de Wagner Tiso e "Solar", com Léo Gandelman.

TEREZA BATISTA CANSADA DE GUERRA (1992) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR
           Romance adaptado de Jorge Amado por Vicente Sesso, conta a trajetória da sofredora e lutadora Tereza Batista por sua felicidade. De teúda e manteúda a cantora da noite, ela passará maus bocados até encontrar a sua felicidade com o pescador Gereba (Humberto Martins).
           Como toda história de Jorge Amado, rola a simbiose musical com a família Caymmi. E desta vez veio a família em peso cantando quase que toda a trilha: Danilo, Simone, Dori, Nana e o patriarca Dorival marcam presença nesta trilha marcante e maravilhosa. Juntam-se a eles os cantores Ney Matogrosso, Fagner, Mara Foroni e a própria Patrícia, cujo trabalho televisivo foi o seu primeiro.
           Uma trilha irretocável, onde você ouve Bahia de ponta a ponta. Destaque para "Deixa Ficar" (Nana Caymmi), "Vamos Falar de Tereza" (Danilo e Dorival Caymmi). Destaque para a lindíssima "Amazon River" (Dori), que não possui letra mas de uma melodia contagiante e impossível de não sair cantarolando por aí.

ANOS REBELDES (1992) - BOKA LOKA
          O ano foi 1992. "Anos Rebeldes" foi importante para levar os estudantes e todo mundo no movimento dos Caras-Pintadas pedindo o impeachment de Fernando Collor de Mello devido à corrupção que vergonhosamente corria solta no país - coisa que não mudou em mais de 20 anos.
           Porém a trilha, que foi lançada pela Globo Columbia, fez um enorme sucesso puxado pelo tema de abertura "Alegria Alegria" (Caetano Veloso). Mas o que todo mundo queria era "Can't Take My Eyes Off You" (Frankie Valii and the Four Seasons), tema, na época, da campanha estrelada por Luciana Vendramini para os jeans Wrangler; também ressuscitaram "Call Me" (Chris Montez), tema de Heloísa (Cláudia Abreu) e "Monday Monday" (The Mamas and The Papas).
           Só não levou um Se Deite Que Eu Vou Lhe Usar pelas bagaceiras de "Guantanamera" e "House of the Rising Sun" (Edom e Felipe), versões instrumentais vergonhosas, na minha opinião.

AGOSTO (1992) - MINA!!!!!!
           O livro de Rubem Fonseca ganhou uma adaptação para a TV em 1993 encabeçado por Jorge Furtado e Giba Assis Brasil. A trilha sonora foi produzida por Alberto Rosenblit e conta com alguns referenciais à ópera e ao bel canto italiano. Ainda temos Nora Nei com "Ninguém Me Ama" e Dalva de Oliveira com "Segredos", os dois destaques do CD. "Una Furtiva Lagrima" foi retirada de um 78 rotações. Por isso os chiados.

ENGRAÇADINHA: SEUS AMORES E SEUS PECADOS (1995) - MINA!!!!!!
            "ENGRAÇADINHA: SEUS AMORES E SEUS PECADOS" ou simplesmente "ENGRAÇADINHA" foi um grande sucesso televisivo e marcou a apresentação oficial de Alessandra Negrini no papel-título, logo depois defendido por Cláudia Raia com o mesmo vigor. A trilha sonora ganhou o nome simplificado e popularizado pelos fãs de teledramaturgia e traz a grande canção "Verano Porteño", também conhecida como "Adiós Nonino", de Astor Piazzolla e interpretada por Ubirajara Silva tocando seu bandoneon (uma variação de acordeon e sanfona).
           Este álbum recobrou canções que tocaram ou tocariam em outras trilhas posteriores, como "With A Song in My Heart" (Doris Day, de "Salomé"), "Molambo" (Roberto Luna, que viria a fazer parte de "Hilda Furacão"), "Banho de Lua" e "Estúpido Cupido" (Celly Campello, ambas de "Estúpido Cupido"). Ao contrário do que se pensa de uma trilha datada, não é uma trilha maçante, com um repertório bem escolhido e agradável aos ouvidos de qualquer ouvinte.

A VIDA COMO ELA É... (1996) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!

           "A Vida Como Ela É..." foi um quadro do "Fantástico" de quarenta episódios onde um elenco de repertório (elenco fixo se revezando em vários personagens) dramatizava histórias e crônicas de Nelson Rodrigues em alguns minutos e acabou gerando este álbum, a primeira minissérie, digamos assim, que não teve sua trilha lançada em LP. A abertura do quadro eram os primeiros cinco segundos de "This Gun For Hire" (da Jazz at the Movies Band) e a história era apresentada e narrada por José Wilker.
           A trilha reprisou dois temas famosos da teledramaturgia: "Me Deixas Louca" (Elis Regina, em sua última gravação para a Som Livre) que apareceu na novela "Brilhante", de 1981, e "Segredo" (Dalva de Oliveira), já aparente na minissérie "Agosto", de 1993. Além de "Se Queres Saber" (Nana Caymmi), que foi tema da minissérie "Quem Ama Não Mata", em 1982 (apesar da música ter saído no álbum "Nana", de 1977, pela RCA / Sony Music). Esta minissérie nunca teve trilha, somente tendo esta música da Nana como abertura.
           Falando nesta música, nos créditos consta como se ela fosse da CID Entertainment mas é um engano. Ela é da RCA (atual Sony Music) e só existe em CD na caixa "Nana Caymmi - A Dama da Canção". Talvez porque ela tenha feito parte do álbum "Nana Caymmi Especial", da CID, levaram este equívoco para este CD.

HILDA FURACÃO (1998) - BOKA LOKA
TRILHA COMPLEMENTAR (2009) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!
             "Batidas na porta da frente / É o tempo..." e assim iniciava uma minissérie de grande sucesso em 1998, em que alçou Ana Paula Arósio e Rodrigo Santoro ao estrelato meteórico: HILDA FURACÃO se ambienta nos anos 1950 em Belo Horizonte e conta a história de uma menina de família - Hilda - que, do nada, dá uma guinada de 180 graus em sua vida: Desiste de um casamento já antes de entrar no altar e vai para a Zona Boêmia de Belo Horizonte, provocando um dos maiores escândalos da sociedade mineira ao se tornar prostituta do nada.
           A trilha principal conta com grandes sucessos da década de 1950 e o seu grande sucesso foi, sem sombra de dúvida, o tema de abertura: "Resposta ao Tempo" (Nana Caymmi) marcou a teledramaturgia brasileira e ainda deu uma revigorada na carreira da cantora.
           Em seguida Paul Anka comparece com "You Are My Destiny" em sua versão original - alternativa saiu na trilha sonora da novela "Bambolê". Doris Day, a namoradinha dos Estados Unidos, também marca presença com o seu clássico "Que Será Será (Whatever Will Be, Will Be)". Outros grandes sucessos da trama foram "Túnel do Amor (Have Lips, Will Kiss in the Tunnel of Love)" (Celly Campello), "Nossos Momentos" (Elizeth Cardoso), "Meditação" (Maysa) e a charmosíssima "C'Est Si Bon" com a eterna Mulher-Gato Ertha Kitt.
           A trilha complementar da minissérie "Hilda Furacão" também possui temas instrumentais da novela "Senhora do Destino" e todas elas foram compostas por Edom Felipe Oliveira. 
           A Som Livre lançou este álbum 11 anos depois da exibição de "Hilda" e 4 após "Senhora do Destino" irem ao ar. Como saiu com atraso mas dentro da filosofia "antes tarde do que nunca", aí está. Também saiu com uma tiragem pequena - 1.000 cópias, apenas - o que fez com que este álbum ficasse fora de catálogo rápido.

LABIRINTO (1998) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR
           A minissérie de Gilberto Braga rendeu um excelente álbum, para a nossa alegria. Apesar do cantor Nilsson ter virado NILSSEN, ainda sim não apaga o brilho ofuscante que esta trilha apresenta. O disco é misto e conta com clássicos como "Let's Stay Together" (Al Green), "Without You" (Nilssen Nilsson) e a sequência mágica do CD que vai da faixa 9 a 12, compostas por "Street Life" em sua versão single (Randy Crawford - The Crusaders feat. Randy Crawford), "Blue Train (O Trem Azul)" (Tom Jobim) - versão em inglês e classuda da canção de Lô Borges, que conta com Marcio Montarroyos tocando corne flugel -, "Sorriso de Luz" (Leila Pinheiro) e "Timidez" (Nethy).
           As canções "Without You" e "Não Enche" (Caetano Veloso) foram reaproveitadas nas trilhas de outra trama de Gilberto Braga: "Paraíso Tropical".

CHIQUINHA GONZAGA (1999) - BOKA LOKA
CHIQUINHA GONZAGA - TRILHA SONORA INSTRUMENTAL (1999) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR

           Sucesso de público, retorna uma grande compositora e musicista ao seu patamar merecido: CHIQUINHA GONZAGA. A minissérie de Lauro César Muniz fez, por um momento, que Chiquinha fosse mania nacional, tornando suas músicas "Atraente" e "Lua Branca" conhecidas do grande público. Chiquinha foi uma mulher à frente do seu tempo e lutou contra toda sorte de preconceitos em uma sociedade sexista, em que a mulher tinha de ser "bela, recatada e do lar": Abandonou o marido, virou compositora, lutou pelos direitos autorais no Brasil, a primeira mulher a reger no país (regeu a "Protofonia" da ópera "O Guarani", de Carlos Gomes) e ainda no final da vida casou-se com um homem bem mais novo do que ela.
           Os temas apresentados neste álbum foram interpretados por grandes nomes da nossa MPB no final de cada capítulo da minissérie. Foi um grande projeto encabeçado por Jayme Monjardim e contou com as fabulosas composições de Marcus Viana - que dá aquele toque cinematográfico às trilhas - contribuindo ainda mais para o sucesso da minissérie. E quem tocava as músicas de Chiquinha era Maria Teresa Madeira, atual professora de piano da UNIRIO.
           Além destes discos citados aí, ainda rendeu um outro cujo projeto foi Marcus Viana tocando violino e Maria Teresa Madeira ao piano com músicas instrumentais de Chiquinha. Porém, ao contrário do que a grande maioria pensa, não foi trilha complementar da minissérie. Apenas um álbum lançado no rastro do sucesso da minissérie.

MULHER (1998) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!

MULHER 99 (1999) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!
           Dois bons discos, sendo que o primeiro volume é mais voltado para os sambas, como o tema de abertura interpretado por Emílio Santiago ("Mulher"). este volume ainda contém o hit "Minha e Tua" (Martinho da Vila) mas há outros grandes cantores também, como Beth Carvalho - em dueto com Belô Veloso - Maria Bethânia, Caetano Veloso, Paulinho da Viola e até Jacob do Bandolim.
          Já o segundo volume é mais heterogêneo e foi o primeiro disco em que a divertida "Samba do Approach" (Zeca Baleiro e Zeca Pagodinho) apareceu para o grande público. Porém, todos se lembram apenas do tema da novela "Da Cor do Pecado". Também conta com o grande clássico "Ser, Fazer e Acontecer" (Gonzaguinha). Ainda vem com um cover de "Lágrimas e Chuva" (Kid Abelha), bem lentinha, na voz de Verônica Sabino e o tema de abertura, desta vez, encerra o segundo CD.

O AUTO DA COMPADECIDA (2000) - MINA!...
           "O Auto da Compadecida" foi um filme de Guel Arraes que, logo após sua saída do cinema, estenderam sua versão e relançaram em forma de minissérie na Rede Globo. Quando vai se procurar o DVD para comprar, você tem a opção de assistir no formato de filme ou no formato de minissérie.
          Os temas instrumentais foram interpretados pelo grupo Sa Grama, todos inspirados no movimento armorial e música dita nordestina. Para fins de estudo universitário é ótimo mas não para ouvir como um disco pop, por exemplo, pois é um tanto experimental para ouvidos despreparados.
           O CD foi lançado pela Natasha Records em conjunto com a Som Livre.

CARAMURU, A INVENÇÃO DO BRASIL (2001) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!
           "Caramuru" foi primeiramente apresentado como uma minissérie global divertidíssima sob direção de Guel Arraes em 2000. Posteriormente, em 2001, virou filme e com o lançamento deste, uma trilha sonora foi produzida.
           Antes da primeira canção - "O Último Pôr do Sol" (Lenine e Marcos Suzano) - começa com uma narração contando um pouco da história que viria a se suceder. Aliás, "On The Line" (Fabulous Trobadors) também começa com um trecho de diálogo do filme, com voz de Luís Mello.
           Em seguida, Camila Pitanga abre com uma narrativa a música "I Ching: Mountain" (Uakti), uma leve e calma canção. Logo após, Selton Mello e Camila apresentam "Miragem do Porto" (Lenine e Marcos Suzano), ainda no clima chill em que a trilha vem se apresentando.
           Resumindo a ópera, todas as faixas têm uma introdução falada. E ainda rendeu dois sucessos: "Rap do Real" (Pedro Luís e A Parede) e "Volte Para O Seu Lar" (Arnaldo Antunes).

A MURALHA (2000) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!
          Esta trilha só saiu para distribuição interna, não tendo saído para venda e foi feito de forma independente. Sérgio Saraceni compôs as trilhas incidentais da minissérie. Só foi lamentável que a abertura da minissérie, a primeira parte da suíte "Floresta do Amazonas", de Villa-Lobos, não esteve presente no disco. A música também esteve presente no filme "A Flor Que Não Morreu", de Mel Ferrer.

AQUARELA DO BRASIL (2000) - BOKA LOKA
           Apesar da minissérie contar com Jayme Monjardim na direção, ela não foi muito pra frente, na época. A trilha vale pelos temas de Marcus Viana e sua banda Sagrado Coração da Terra permeando o disco. Também é composto por clássicos como "Nervos de Aço" (Paulinho da Viola), "Segredo" (Maria Bethânia regravando Dalva de Oliveira), "Sabor A Mi" (Laura Fygi) e "Blue Moon" (numa lindíssima interpretação de Mel Torme Tormé). Ainda temos Sagrado Coração da Terra interpretando "Un Bel Di Vedremo", ária da ópera "Madame Madama Butterfly" (o nome da ária não foi colocado: Apenas a ópera a qual pertence) e "Clair de Lune (Clarão de Lua)", composta por Debussy e que, apesar de Marcus Viana fazer parte do Sagrado Coração da Terra, a canção pertence ao álbum da banda, não dele em momento solo.

OS MAIAS (2001) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR
           "Os Maias" foi uma trilha muito difícil de se encontrar em lojas tanto que o meu CD eu ganhei em um concurso da própria Rede Globo - eu nem esperava ganhar, inclusive. A minissérie foi uma obra-prima que, para o meu desgosto, os burros televisivos não entenderam e ainda reclamaram da estética um tanto soturna da minissérie. História linda, porém trágica, de Eça de Queiroz adaptada para a televisão por Maria Adelaide Amaral, João Emmanuel Carneiro e Vincent Villari com direção de Luiz Fernando Carvalho.
           O tema de abertura inicial era "Prelúdio", executado pela OSESP sob a batuta de John Neschling. Para dar um gás na audiência, trocaram pela canção "O Pastor" (Madredeus) - tema, aliás, mais marcante da minissérie.
           Os temas foram basicamente alternados entre John Neschling e OSESP, a música instrumental de André Sperling, a banda portuguesa Madredeus com uma única convidada: A cantora portuguesa de fado Dulce Pontes, que canta o tema... "Fado"! Pois é.
          Das minhas composições prediletas, fico com "A Valsa" (John Neschling / OSESP), "Haja O Que Houver" (Madredeus) e, claro, "O Pastor" (Madredeus). Porém, o disco é todo maravilhoso.
           Apesar da trilha estar datada em 2000, ela realmente foi lançada em 2001.

SÍTIO DO PICAPAU AMARELO (2001) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR

SÍTIO DO PICAPAU AMARELO (2005) - BOKA LOKA

SÍTIO DO PICAPAU AMARELO (2006) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!
           Em 2001 a Globo resolveu ressuscitar o Sítio, fazendo um álbum que mexesse com a memória afetiva de quem assistiu na época original e para atrair as crianças do novo milênio a assistir. Para isso Gilberto Gil trabalhou em todas as versões da canção. Cada disco tem uma diferente. Uma delas foi retirada do seu álbum "Acústico MTV".
           Além de Gil, recrutaram para o de 2001 Ivete Sangalo para interpretar "Narizinho" (originalmente por Lucinha Lins), Cidade Negra para o tema de "Quindim", Cássia Eller para "A Cuca Te Pega" - aliás, nota: Ela não chegou a participar do especial de lançamento do seriado pois havia falecido. Em seu lugar, um desenho animado retratando Cássia cantou o tema -, Paulo Ricardo para interpretar "Rabicó", Jota Quest repaginando o tema de "Pedrinho", enfim... O disco de 2001 ficou memorável e ainda trouxe a inédita "Reino das Águas Claras", composta por Jorge Vercillo. A trilha ainda veio acompanhada de uma fita VHS com um episódio inédito.
           Já a trilha de 2005 pautou mais para temas originais, como a divertida "O Terrível Pesadelo" (Leandro Léo), a lentinha "Iara Mãe d'Água" (Milton Nascimento) e as de fácil assimilação "Emília" (Pato Fu) e "Patty Pop" (Wanessa Camargo).
           A trilha de 2006, por sua vez, foi produzida por Tim Rescala e tem muitas canções instrumentais. Um time de professores da UNIRIO está neste CD, como a professora Doriana Mendes fazendo "O Canto de Iara". O disco vale pelo time de instrumentistas e vocalistas que ali se encontram.

O QUINTO DOS INFERNOS (2002) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR
           Carinhosamente - ou jocosamente - chamada de "Portugasil" em Portugal, esta minissérie divertidíssima rendeu uma trilha com músicas modernas. Ainda tivemos o prazer de ter Bruna Lombardi conservada no formol estampando uma capa de trilha.
           Creio eu o tema que mais o povo se lembraria da série é com "Raindrops Keep Falling on My Head", tema de Chalaça (Humberto Martins), e também "Só Louco" (Gal Costa, também na trilha de 'O Casarão') como tema de amor de D. Pedro I (Marcos Pasquim) e Domitila (Luana Piovani).
           A trilha ainda relembra "Coleção" (Cassiano, de 'O Grito'), "Atrás da Porta" (Elis Regina, de 'De Corpo e Alma') e "Change" (Lisa Stansfield, de 'Perigosas Peruas'). Também conta com as divertidas "Pata Pata" (Miriam Makeba), "September" (Earth, Wind & Fire), "I've Got you Under My Skin" (Frankie Valli and the Four Seasons) e para combinar com o tom debochado da minissérie, "There Is No Business Like Show Business" (com a divertida Ethel Merman e como abertura no instrumental de Márcio Lomiranda). Uma trilha sem furos!

A CASA DAS SETE MULHERES (2003) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR
A CASA DAS SETE MULHERES - SETE VIDAS, AMORES E GUERRAS (2003) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR

            Duas trilhas maravilhosas. Uma mais voltada para o público. A outra mais cinematográfica. Uma é sortida. A outra explica que alguns temas da primeira são excelentes participações especiais. "A Casa das Sete Mulheres" foi um fenômeno televisivo de 2003, revelando talentos como a atriz Camila Morgado no papel de Manuela e mudando conceitos sobre outros, como apagando de vez o Raí de Marcelo Novaes e dando lugar ao Inácio, que ficava entre o amor de Perpétua (Daniela Escobar) e o compromisso com a esposa doente e moribunda Tereza (Sabrina Greve). Também fez as pessoas odiarem Maria (Nívea Maria), a irmã durona de Bento Gonçalves (Werner Schünemann) e Rosário (Mariana Ximenes), que de tão chata todo mundo deu graças a Deus quando ela morreu indo atrás de seu amado Estevão (Thiago Fragoso) (acho que eu dei um spoiler... risos).
          A trilha revelou para o mundo, com um determinado assombro, a cantora Maria Rita (na época Maria Rita Mariano) com a canção "Tristesse" participando junto com Milton Nascimento. Quando você escutava a entrada dela cantando "Lembra, lembra, lembra...", você caía pra trás achando que Elis Regina havia ressuscitado.
           O amor de Bento Gonçalves e de sua uruguaia Caetana (Eliane Giardini) era pontuado por "Merceditas" (Gal Costa). A amargura de Maria (Nívea Maria) era marcado pelo tema "Passione" (Zizi Possi). "Tristesse" (Milton Nascimento e Maria Rita) pontuava bem a personagem Manuela (Camila Morgado), também representada pelo tema "Sete Vidas" (Adriana Mezzadri). A música também servia de tema para as mulheres da casa de Bento.
           "Cavalo Baio" (Sagrado Coração da Terra) serviu de tema para Anita (Giovanna Antonelli) e Giuseppe Garibaldi (Thiago Lacerda), tanto juntos quanto separados. Outro grande sucesso foi "Fênix" (Jorge Vercillo), tema de Perpétua e Inácio. A chata Rosário ganhou como tema a bela "Uma voz no Vento" (Leila Pinheiro), cuja introdução foi inspirada na música "Merry Christmas, Mr. Lawrence" de Ryuichi Sakamoto.
          Já a trilha de Marcus Viana é a própria impressão do minuano e da vastidão dos pampas em forma de música. Multi-instrumentista, ele contou com amigos como Augusto Rennó no instrumental e com as vozes de Adriana Mezzadri, Flávio Venturini, Agnaldo Rayol, Rosane Viana e Carla Villar. Dos 18 temas presentes no disco, sendo que alguns já haviam sido colocados na trilha principal, ainda temos "Do Amor e da Guerra (Canção de Anita)" interpretada por Adriana Mezzadri. A história, a trilha, a direção, tudo marcou história.

CARGA PESADA (2003) - É UMA CILADA, BINO!
           Odiei. Ainda mais com Chitãozinho e Xororó cagando "O Frete" de Renato Teixeira. Perda de dinheiro pra quem não gosta de sertanejo.

UM SÓ CORAÇÃO (2004) - É UMA CILADA, BINO!
           Trilha basicamente comandada por Roger Henri. Sinceramente eu não gostei. Para não dizer que não gostei de nada, salvo "Família Alemã", tema vocalizado por Clarice Prietto.

MAD MARIA (2005) - MINA!!!!!!
           Outra trilha instrumental, desta vez orquestrada por Alberto Rosenblit, serviu à trama. Quem procura música pop, vai perder dinheiro. É uma trilha mais suportável do que a anterior.

CIDADE DOS HOMENS (2006) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!

           Apesar da minissérie ter ido à ultima vez antes de 2017 ao ar em 2005, a trilha só saiu em 2006. O disco é mais do estilo pop e samba ou a mistura dos dois, como a música "Qual É?" (Marcelo D2), o maior hit do disco. Ainda destacam-se "Homem Amarelo" (O Rappa), "Sou Feia Mas Tô Na Moda" (Tati Quebra Barraco), o funk "Vem Cristiane" (MC Tam), "Sonho Juvenil (Garoto Zona Sul)" (Jovelina Pérola Negra), "Quando Eu Contar (Iaiá)" (Zeca Pagodinho)  e "Menina Crioula" (Jorge Ben Jor).

HOJE É DIA DE MARIA - SEGUNDA JORNADA (2005) - BOKA LOKA
           Com trilha sonora de Tim Rescala, "Hoje É Dia de Maria" só ganhou um disco em sua segunda temporada. A primeira, repleta de cantigas de roda, encantou a todos mas decepcionou por não ter tido trilha sonora. Já a segunda jornada ganhou um disco, onde os atores cantam, sejam em coro ou solistas, tem como a principal cantora Carolina Oliveira. Acabou se assemelhando a uma trilha de um musical, na verdade. Vale uma conferida.

JK (2006) - BOKA LOKA
           A trilha trouxe como tema de abertura a canção "Peixe Vivo" (Milton Nascimento), com Bituca relembrando sua melhor forma. Ainda traz a clássica "Nunca" (Zizi Possi), "Ouça" (Maysa) e - claro que não poderia faltar - "Presidente Bossa Nova" (Juca Chaves). Uma trilha pontuada por muito cancioneiro do rádio dos anos 1950 e muita bossa nova.

ANTÔNIA (2006) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!
           Junte Negra Li, Leilah Moreno, Quelynah e Cindy. Com isso veio a minissérie "Antônia". Rendeu uma minissérie de duas temporadas e um filme entre elas, estreando em 2007. O tema de abertura, "Antônia", ficou como a música do disco. O programa também serviu para alavancar as carreiras de Negra Li e Leilah Moreno, que também atuou em outras novelas na Rede Globo.
           O Cd veio com um defeito grave na capa: A faixa 14 se chama, na verdade, "Detector de Mentiras", interpretada pela cantora Quelynah e não "O Que Sou", como vem escrito no encarte. Quem conseguiu o CD lacrado, percebeu que veio com uma errata em um adesivo grudado no plástico do lado externo do CD.

AMAZÔNIA - DE GALVEZ A CHICO MENDES (2007) - BOKA LOKA
           A trilha abre com o tema de abertura cantado por Maria Rita, "Caminho das Águas". Em seguida, Marina Elali abre com sua exitosa regravação de Luiz Gonzaga para "Sabiá". Fafá de Belém é relembrada em "Pauapixuna" e João Donato apresenta sua "Flor de Maracujá". Villa-Lobos é representado com uma gravação das "Bachianas Brasileiras nº 5" - mas só a primeira parte, que é a 'Ária: Cantilena' - na voz de Maria Lucia Godoy. É um ótimo álbum.

MINA!!!

A PEDRA DO REINO, vols. 1 e 2 (2007) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!
             Estava previsto, dentro do Projeto Quadrante comandado por Luiz Fernando Carvalho, apresentar quatro minisséries que contariam histórias do país em cima de 4 obras imaginárias, mas não passaram de duas, no fim: "A Pedra do Reino", de Ariano Suassuna, e "Capitu", baseado na obra de Machado de Assis. A Pedra do Reino rendeu um disco duplo e um segundo volume, CD simples.
           O primeiro volume é mais instrumental, sendo que o disco 1 foi uma trilha composta por Marco Antônio Guimarães e o disco 2 foi executado pelo Quinteto Armorial exceto as faixas 13 e 14, pelo Quinteto Romançal.
           Já o volume 2 é composto de temas mais cantados e apresenta compositores desconhecidos do Nordeste, como Jesse Quirino, Tiné e Caçapa (com a bela "Vento Corredor"). Um disco agradável com boas canções.

QUERIDOS AMIGOS (2008) - MESMO MARIOZINHO ROCHA CAGANDO NO MAIÔ, A TRILHA MERECE UM SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR
           A trilha sonora só foi lançada quando a edição em DVD também foi lançada. Todos se perguntaram se realmente iria ser lançada. Porém, a trilha veio com alguns equívocos - na verdade, Mariozinho Rocha fez merda, mesmo e lançou a trilha meio que a toque de caixa. Mais de 20 músicas ficaram de fora, incluindo o tema de abertura, "Nada Será Como Antes" (Milton Nascimento, Beto Guedes, Lô Borges e O Som Imaginário).
           Vamos aos ERROS??? :-)

  1. O pior de todos é chamarem a faixa 13, GUARDEI MINHA VIOLA (Paulinho da Viola) de CORAÇÃO LEVIANO. E essa música NÃO TOCOU NA MINISSÉRIE. Em seu lugar, tocaram duas dele: SINAL FECHADO e NERVOS DE AÇO.
  2. CONTO DE AREIA (Clara Nunes) NÃO TOCOU NA MINISSÉRIE. Vi e revi pra ver se estava lá.
  3. DOMINGO NO PARQUE (Gilberto Gil) NÃO TOCOU NA MINISSÉRIE. Outra do Gil tocou: AQUELE ABRAÇO.
  4. NÃO DÁ MAIS PRA SEGURAR (EXPLODE CORAÇÃO) (Gonzaguinha) NÃO TOCOU NA MINISSÉRIE. Em outros sites ainda atribuíram à canção como tema de Lena (Débora Bloch).
           Só de erros crassos na trilha somam-se quatro. E foram mais de trinta músicas executadas. Só do disco "Saudade do Brasil", da Elis Regina, foram 8 músicas. E os temas internacionais não teve nem cheiro, não é? Só deixaram "Cry Baby" (Janis Joplin), "Born to Be Wild" (Steppenwolf), "My Baby Just Cares for Me" (Nina Simone), "We Are The Champions" (Queen), "You Are So Beautiful" (Joe Cocker & Luciano Pavarotti), "(I Can't Get No) Satisfaction" (Rolling Stones), "Every Breath You Take" (The Police), "Voodoo Child" (Jimi Hendrix) dentre outras de fora... Para fazer uma trilha a toque de caixa era preferível que nem lançassem nada...
           Em tempo: "Choro das Águas" (Ivan Lins) era muito mais importante para a trama do que "Somos Todos Iguais Esta Noite (É O Circo de Novo)". Deveriam ter pensado nisso...

Ó PAÍ, Ó (2009) - NÃO CONSIGO OPINAR
           Foi uma trilha promocional. No final do programa, as pessoas que respondessem às perguntas no final de cada episódio corretamente, seriam presenteadas com um CD. É um EP de 6 músicas interpretadas por Lázaro Ramos.

CAPITU (2009) - BOKA LOKA
           Dentro do Projeto Quadrante, "Capitu" gerou um grande sucesso: "Elephant Gun" (Beirut), às vezes colocada como tema de abertura da minissérie. Uma das poucas que ganhou uma versão em Blu Ray mantendo, assim, a alta definição de imagem.
           A trilha é dividida entre canções de Tim Rescala e Chico Neves, Manacá e as narrações com trechos do texto de Machado de Assis. A coisa meio deslocada foi "Juízo Final", de Nelson Cavaquinho, fechando a trilha.

MAYSA - QUANDO FALA O CORAÇÃO (2010) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR
          Apesar de indicar na capa que a trilha foi de 2009, na verdade ela parou nas lojas em 2010, em janeiro, durante o período de exibição da série.
           A minissérie reacendeu a curiosidade do público pela figura de Maysa, recolocando-a no patamar de uma das maiores intérpretes da música brasileira. As gravadoras reeditaram seus álbuns em CD, devido à grande procura por seu material.
           A Som Livre lançou a trilha da minissérie em CD duplo e contém seus maiores sucessos, dentre eles: "Ouça", "O Barquinho", "Dindi", "Franqueza", "Hino ao Amor (Hymne A L'Amour)", "Ne Me Quitte Pas", "Bonita" e por aí vai. Veio com uma capa externa caprichada e um encarte idem.
           O tamanho sucesso da minissérie na televisão encorajou a Globo Marcas a lançar o DVD com a minissérie na íntegra, vindo com 3 discos sendo que o terceiro é de extras com filmagens raras da cantora e uma série de vídeo clipes com Larissa Maciel interpretando Maysa cantando. Também encorajou a Globo a lançar a minissérie em Blu Ray, porém, sem o disco de extras.

GERAL.COM (2009) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!

           A minissérie conta a história da banda WWW, que existe na vida real, formada pelos irmãos Werneck, que interpretam a si mesmos. A banda de rock contou com toda a interatividade da internet disponível na época para ficarem sempre antenados com os fãs da banda. Rolou por duas temporadas e gerou este álbum que para uma "boy band" tá até bem legal. Gostei muito de "Tô Bolado" e "KBÇA".

AS CARIOCAS (2010) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR

           Outro grandiosíssimo sucesso, "As Cariocas" de Daniel Filho baseado nas crônicas de Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) teve um tratamento cinematográfico e inovou com sua abertura, mostrando todas as protagonistas desfilando pelo salão em fundo branco, todas lindíssimas, e no final de sua abertura, vinha a protagonista da semana em destaque para as lentes da câmera. Outro grande frisson que a série causou foi ter trazido Sonia Braga novamente às telas globais já que, há anos, ela mora nos Estados Unidos.
           Obviamente o tema de abertura, "Bela Fera" (Pedro Luís) foi um tremendo sucesso e cada personagem tinha um tema próprio, gravado especificamente para a minissérie. Lenine, Roberta Sá, Elza Soares, Ney Matogrosso (com sua impagável regravação de "Só O Ôme") abrilhantaram o álbum.

AFINAL, O QUE QUEREM AS MULHERES? (2010-2011) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO

           Apesar da minissérie (e não série, como insistem os meios de comunicação) ter sido exibida em novembro de 2010, sua trilha sonora saiu no ano seguinte juntamente com o box de DVD's. A trilha se dividiu entre Tim Rescala e sua Psicorquestra e as composições de Marcelo Camelo. A canção que mais se destacou foi o tema de abertura, "Nome À Pessoa" (Psicorquestra) com Michel Melamed, o protagonista, nos vocais.

O BEM-AMADO (2011) - JUSTO, MUITO JUSTO, JUSTÍSSIMO!

           Um filme que virou minissérie da Globo em janeiro de 2011. A trilha sonora também é do filme mas parou na TV e foi distribuída pela Natasha Records, com participações de Caetano Veloso, Zélia Duncan, Zé Ramalho, Mallu Magalhães, dentre outros. A abertura na TV ficou por conta da música "Jingle de Odorico" (Thalma de Freitas, Nina Becker e Cecília Spyer).

AS BRASILEIRAS (2012) - SE DEITE QUE EU VOU LHE USAR
           Mais uma trilha maravilhosa da série expandida para o território nacional de Daniel Filho e Geraldo Carneiro. Mais uma vez, com uma pequena modificação, "Bela Fera" (Pedro Luís e A Parede) volta a configurar como abertura deste programa que teve um elenco estelar e foi outro sucesso de público. Desta vez a trilha veio de Casuarina (Peguei Um Ita no Norte), Adriana Calcanhotto (Nervos de Aço), Frejat (Erva Venenosa), Roberta Sá (Moça Bonita), Teresa Cristina (O Sol Nascerá (A Sorrir)) e muitos outros deliciosos neste álbum com 20 temas.

O TEMPO E O VENTO (2013-2014) - BOKA LOKA
           O filme de Jayme Monjardim estreou em 2013 e foi adaptado para o formato minissérie e estreou em 1º de janeiro de 2014 contendo três capítulos. Vou dar dois motivos para ouvir este álbum: Alexandre Guerra, que compõe cada tema instrumental de outro mundo, e Orquestra Sinfônica de Budapeste. O tema de abertura da minissérie foi a faixa 24, "O Tempo e o Vento - Parte Final". Muita coisa se entende ao ver a minissérie, pois foi cortada muita cena por causa do tempo no cinema. A animação de abertura já vale a minissérie toda.
           "O Tempo e o Vento" foi a última trilha lançada pela Som Livre em CD até a data presente.

           Então, gostaram? Deixem seus comentários aqui no site. Prometo responder a todos. Abraços e até uma próxima. FUI!